2023, iniciamos com duros relatos, ainda há muitas batalhas para lutar.
Yanomami (Imagem: Reprodução / Agência Brasil – EBC)
Começando a pensar nas primeiras atividades deste ano, nos deparamos com as tristes notícias sobre os povos Yanomamis.A dificuldade criada por deu-se pelo avanço nas terras indígenas em busca de minérios.Mas a fome, infelizmente não é um privilégio daquelas terras. Sabemos que bolsões de pobreza são encontrados também nas grandes cidades. A literatura há muito denuncia do tema fome.Por interesses econômicos ou por questões naturais, artistas pintaram, escreveram, fotografaram, na tentiva de refletirmos sobre a necessidade de construirmos uma sociedade mais solidária. Selecionamos aqui alguns textos com propostas de atividades.
Texto 1- Ai,se um dia- Vera Duarte
Vera Duarte, é uma escritora contemporânea cabo-verdiana.Publicou diversos livros de ficção e não-ficção na área de ditreitos humanos.Nesta poesia, trata de forma amorosa o tema universal da fome.
Cabo Verde, oficialmente República de Cabo Verde, é um país africano e um arquipélago de origem vulcânica constituído por dez ilhas pequenas e montanhosas. Está localizado no Oceano Atlântico ao largo da costa da África Ocidental, sua capital é a cidade de Praia e sua moeda é o Escudo Cabo-Verdiano.
A língua oficial é o português, usada nas escolas, na administração pública, na imprensa e nas publicações. Entretanto, a língua nacional de Cabo Verde, a língua do povo, é o crioulo cabo-verdiano.
Imagem: Reprodução/Holiday Guru
Imagem: Reprodução/Spinguera Ecolodge
Imagem: Reprodução/Passenger 6A
Os recursos econômicos de Cabo Verde dependem, sobretudo, da agricultura e da riqueza marinha. A agricultura sofre frequentemente os efeitos das secas. As culturas mais importantes são o café, a banana, a cana-de-açúcar, os frutos tropicais, o milho, os feijões, a batata-doce e a mandioca. O setor industrial encontra-se em pleno desenvolvimento e destaca-se a fabricação de aguardente, vestuário, calçado, tintas, vernizes, turismo, pesca, conservas de pescado, extração de sal e artesanato. A banana e a indústria das conservas de peixe, peixe congelado, lagostas, sal e confecções são os principais produtos exportados.
https://unilab.edu.br/cabo-verde-2/
Ai, se um dia
Vera Duarte
Ai, se em outubro chovesse
A terra molhasse
E a fome acabasse...
Ai, se o milho crescesse
A fome acasse
O homem sorrisse
E a terra molhasse...
Ai, se a terra sorrisse
a terra molhasse
A fome acabasse
e a chuva caísse
Ai, se um dia...
Pensando no texto.
1-O eu poético começa o texto falando de um desejo.Qual?
2- Quais as consequências caso este desejo se realize?
3-O título apresenta uma interjeição "Ai".Reescreva-o substituindo a interjeição por outra de mesmo sentido.
Texto 2- Asa Branca A fome fruto da seca, está presente no Nordeste brasileiro. Muitos escritores falaram/falam deste problema. O compositor brasileiro, Luiz Gonzaga, o rei do baião- ritmo derivado do forró- é um exemplo de um artista que cantou as tistezas de sua terra, na esperança de mudança.
Asa Branca
Luiz Gonzaga
Quando olhei a terra ardendo Qual fogueira de São João Eu perguntei a Deus do céu, ai Por que tamanha judiação Eu perguntei a Deus do céu, ai Por que tamanha judiação? Que braseiro, que fornalha Nem um pé de plantação Por falta d'água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão Por farta d'água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão Inté mesmo a asa branca Bateu asas do sertão Entonce eu disse, adeus Rosinha Guarda contigo meu coração Entonce eu disse, adeus Rosinha Guarda contigo meu coração Hoje longe, muitas léguas Numa triste solidão Espero a chuva cair de novo Pra mim voltar pro meu sertão Espero a chuva cair de novo Pra mim voltar pro meu sertão Quando o verde dos teus olhos Se espalhar na plantação Eu te asseguro não chore não, viu Que eu voltarei, viu Meu coração Eu te asseguro não chore não, viu Que eu voltarei, viu Meu coração
Observe a linguagem do texto "Quando olhei a terra ardendo/Qual fogueira de São João"
1-Para manter o mesmo sentido do texto, a palavra "qual" pode ser substituída por...
2-Porque o poeta compara a terra a uma fogueira?
3- Quais palavras no texto referem-se ao calor?
4-Onde o eu poético se encontra no momento do presente do texto?
5-Ele está feliz? O que fará com que ele volte para seu amor Rosinha?
A seca do Nordeste brasileiro presente na literatura clássica do começo do Século XX em PDF gratuitos
Texto 3-Quede água- Lenine
Lenine é um compositor nordestino, contemporâneo da Música Popular Brasileiara. Nesta música ele fala de como relação do homem com as riquezas naturais, em particular a água, tem trazido um problema ambiental, a falta de água, para onde ainda não existia. Se nos textos anteriores a falta de água estava associada à posição e condições geográficas, aqui a falta de água é por outro motivo. A ganância humana tem destruído a natureza e didicultado a vida humana sobre o planeta.
Quede Água? Lenine Carbono A seca avança em Minas, Rio, São Paulo O Nordeste é aqui, agora No tráfego parado onde me enjaulo Vejo o tempo que evapora Meu automóvel novo mal se move Enquanto no duro barro No chão rachado da represa onde não chove Surgem carcaças de carro Os rios voadores da Hiléia Mal desaguam por aqui E seca pouco a pouco em cada veia O Aquífero Guarani Assim do São Francisco a San Francisco Um quadro aterra a Terra Por água, por um córrego, um chovisco Nações entrarão em guerra Quede água? Quede água? Quede água? Quede água? Agora o clima muda tão depressa Que cada ação é tardia Que dá paralisia na cabeça Que é mais do que se previa Algo que parecia tão distante Periga, agora tá perto Flora que verdejava radiante Desata a virar deserto O lucro a curto prazo, o corte raso O agrotóxico, o negócio A grana a qualquer preço, petro-gaso Carbo-combustível fóssil O esgoto de carbono a céu aberto Na atmosfera, no alto O rio enterrado e encoberto Por cimento e por aslfalto Quede água? Quede água? Quede água? Quede água? Quando em razão de toda a ação humana E de tanta desrazão A selva não for salva, e se tornar savana E o mangue, um lixão Quando minguar o Pantanal e entrar em pane A Mata Atlântica tão rara E o mar tomar toda cidade litorânea E o sertão virar Saara E todo grande rio virar areia Sem verão, virar outono E a água for commoditie alheia Com seu ônus e seu dono E a tragédia da seca, da escassez Cair sobre todos nós Mas sobretudo sobre os pobres outra vez Sem terra, teto, nem voz Quede água? Quede água? Quede água? Quede água? Agora é encararmos o destino E salvarmos o que resta É aprendermos com o nordestino Que pra seca se adestra E termos como guias os indígenas E determos o desmate E não agirmos que nem alienígenas No nosso próprio habitat Que bem maior que o homem é a Terra A Terra e seu arredor Que encerra a vida aqui na Terra, não se encerra A vida, coisa maior Que não existe onde não existe água E que há onde há arte Que nos alaga e nos alegra quando a mágoa A alma nos parte Para criarmos alegria pra viver O que houver para vivermos Sem esperanças, mas sem desespero O futuro que tivermos Quede água? Quede água? Quede água? Quede água? Quede água Vagalume. Música é tudo. © Vagalume Mídia
Observe no texto:
A linguagem a partir de seu título "quede água?" Como poderíarmos elaborar esta pergunta com outras palavras? Qual relação podemos estabelecer entre o texto 2 e o 3, no que se refere à linguagem?
Texto 4-Terra Indígena Yanomami: 30 anos de conquista e luta para o futuro do mundo
Este artigo é de Corrado Dalmonego,Indigenista e missionário do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o padre Corrado Dalmonego está em missão com a população Yanomami, na Amazônia, há 15 anos. Neste texto, denuncia o cenário de violência na TI Yanomami (RR); as atividades de garimpo e os assassinatos foram lembrados com preocupação pelo autor.Assim como na música Quede água, aqui encontramos a fome, a falta de respeito e de solidariesdade humana em função da ganância e humana.
Quem são os Yanomamis? Os Yanomami formam uma sociedade de caçadores-agricultores da floresta tropical do Norte da Amazônia cujo contato com a sociedade nacional é, na maior parte do seu território, relativamente recente. Seu território cobre, aproximadamente, 192.000 km², situados em ambos os lados da fronteira Brasil-Venezuela na região do interflúvio Orinoco - Amazonas (afluentes da margem direita do rio Branco e esquerda do rio Negro). Constituem um conjunto cultural e linguístico composto de, pelo menos, quatro subgrupos adjacentes que falam línguas da mesma família (Yanomae, Yanõmami, Sanima e Ninam). A população total dos Yanomami, no Brasil e na Venezuela, era estimada em cerca de 35.000 pessoas no ano de 2011.
Vista aérea da aldeia Demini do povo Yanomami, Amazonas. Foto: Marcos Wesley/CCPY, 2005
Detalhe da maloca Balaú (AM). Foto: Carlo Zacquini, 1994
No Brasil, a população yanomami era de 19.338 pessoas, repartidas em 228 comunidades (Sesai, 2011). A Terra Indígena Yanomami, que cobre 9.664.975 hectares (96.650 km²) de floresta tropical é reconhecida por sua alta relevância em termo de proteção da biodiversidade amazônica e foi homologada por um decreto presidencial em 25 de maio de 1992.
O etnônimo "Yanomami" foi produzido pelos antropólogos a partir da palavra yanõmami que, na expressão yanõmami thëpë, significa "seres humanos". Essa expressão se opõe às categorias yaro (animais de caça) e yai (seres invisíveis ou sem nome), mas também a napë (inimigo, estrangeiro, "branco"). Os Yanomami remetem sua origem à copulação do demiurgo Omama com a filha do monstro aquático Tëpërësiki, dono das plantas cultivadas. A Omama é atribuída a origem das regras da sociedade e da cultura yanomami atual, bem como a criação dos espíritos auxiliares dos pajés: os ''xapiripë ''(ou ''hekurapë''). O filho de Omama foi o primeiro xamã. O irmão ciumento e malvado de Omama, Yoasi, é a origem da morte e dos males do mundo.
Imagem: Urihi Associação Yanomami/Sumaúma Jornalismo
Imagem: Urihi Associação Yanomami/Sumaúma Jornalismo
Terra Indígena Yanomami: 30 anos de conquista e luta para o futuro do mundo
por Corrado Dalmonego
Há mais de 15 dias, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) solicitou à Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) uma intervenção de medidas provisórias para proteger os direitos à vida do povo Yanomami devido à “situação de extrema gravidade e urgência de danos irreparáveis aos seus direitos no Brasil”. No relatório, a Comissão reconhece que as medidas implementadas pelo governo federal “são insuficientes”.
A mineração ilegal realizada na Bacia Amazônica é vinculada a processos globais e transnacionais. Como última fronteira de colonização interna, a Amazônia brasileira é rearticulada no sistema da economia mundial pela implementação de projetos extrativos agrominerais, insistindo em uma estratégia geopolítica já atuada pelos governos militares. Tal estratégia afirma a “defesa da soberania territorial” da Nação, mas ignora as populações que habitam e protegem territórios cobiçados como “reservas territoriais” e florestas equatoriais ricas em recursos que devem ser explorados para o desenvolvimento.
As diversas atividades econômicas ilícitas que manifestam dinâmicas expansionistas com invasão de terras indígenas, terras de comunidades quilombolas e tradicionais e unidades de conservação, incluindo a mineração, são alimentadas por e sustentam redes de crime organizado transnacionais envolvidas com tráfico de drogas, armas e pessoas, bem como com crimes financeiros, incluindo lavagem de dinheiro.
O “boom” da exploração mineral na América Latina (iniciado nos anos 1990) é o resultado de um processo de dominação e acumulação colonial que implicou transformações estruturais no último terço do século XX. O processo de ocupação e invasão dos territórios, a fim de exploração mineral, se acelerou com o “neodesenvolvimentismo” que caracteriza o século XXI, no Brasil, acompanhado pela emergência do “neoextrativismo” e uma “reinvenção” do garimpo.
Na Amazônia, o “modelo extrativista agromineral” manifesta toda a brutalidade de uma situação colonial voltada à exportação para outros continentes. No primeiro semestre de 2019, R$ 48,7 milhões em ouro foram exportados de Roraima – que não registra a presença de minas autorizadas – para a Índia.
Na Terra Indígena Yanomami, essa nova corrida do ouro se traduz em um aumento vertiginoso de dragas, balsas e locais de extração ilegal. A mudança ocorrida na atividade exploratória, o incremento e expansão da mineração (um crescimento estimado em 3.350% entre 2016 e 2020, e um aumento exponencial desde o segundo semestre de 2020), a destruição ambiental, os riscos para os ecossistemas e os impactos sobre as populações de tais atividades são documentados por estudos técnicos, científicos e jornalísticos.
O relatório “Yanomami sob Ataque” revela o crescimento de 46% das áreas destruídas em 2021, com um incremento anual de 1.038 hectares, atingindo um total acumulado de 3.272 hectares. Nessa recente corrida do ouro, destaca-se o aumento da violência pela associação do garimpo com grupos criminosos organizados.
Os diversos e complexos impactos sociais sobre as comunidades indígenas (entre os quais a desassistência sanitária, os conflitos internos, as violências sexuais) são frequentemente deixados em segundo plano – em relatórios técnicos e notícias jornalísticas – frente aos impactos ambientais e econômicos da mineração ilegal, embora tenham sido objeto de intervenções por parte do Ministério Público Federal (MPF) e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Nas palavras dos Yanomami – que foram também divulgadas no relatório apresentado em abril de 2022 – emerge uma potencialidade destrutiva do garimpo, que vai além da violência e dos conflitos armados noticiados esporadicamente e de forma sensacionalista pela mídia.
A mídia noticiou a morte de dois adultos por armas de fogo, na região de Parima, em junho de 2020, a morte de duas crianças e as agressões armadas às comunidades da região de Palimiu, ocorridas no mês de maio de 2021, a morte de um jovem atropelado por uma aeronave de garimpeiros ilegais na pista de pouso de Homoxi, e a morte de duas crianças provocada por dragas instaladas no rio Parima, em outubro de 2021. Tais notícias circularam na mídia, mas receberam uma atenção temporária, como é costume em uma sociedade que se habituou à violência – e que projeta, para longe de si, as responsabilidades e costuma aplicar o consumismo e o descarte rápido das notícias.
A notícia que circulou no final de abril de 2022, informando sobre um possível caso de estupro de menor e morte, ocorrido em uma comunidade Sanöma (subgrupo do povo Yanomami), despertou a atenção da mídia nacional e internacional. Perante uma diligência de parlamentares, realizada em Boa Vista (RR) na metade de maio de 2022, foi descrito o contexto dentro do qual um fato de tamanha gravidade pode ter ocorrido. Lamentavelmente, muitas ocorrências anteriores foram “esquecidas”.
Observando a situação da metade das comunidades distribuídas na Terra Indígena Yanomami (TIY), e prestando ouvido às narrativas de mulheres e homens do povo Yanomami que têm suas vidas transformadas pela invasão garimpeira, emergem casos de violência mais numerosos daqueles noticiados pela mídia ou objeto de investigação policial.
As mortes, os conflitos provocados pelo garimpo, o aliciamento, a exploração sexual, a perda de independência alimentar e da sustentabilidade econômica afetam as comunidades indígenas. A vida cotidiana é marcada por ameaças e constante medo. A floresta e as estações que passam, escondem muitas tragédias. As noções de tempo e espaço são relativas e, muitas vezes, ao investigar um “suposto crime”, não se recebem as respostas esperadas a perguntas equivocadas. Somente a escuta demorada juntamente a condições de segurança e confiança permitem o emergir de informações.
Perante essa situação dramática regional com vinculações econômicas e geopolíticas globais, foram feitas todas as tentativas, junto às autoridades brasileiras, para que a União cumprisse seu dever constitucional e combatesse as atividades ilegais e criminosas que estão afetando o povo Yanomami e outros povos indígenas. A pressão internacional (possível também pela visibilidade dada pela mídia) e a mobilização de organismos internacionais, como a Organização dos Estados Americanos (OEA), motivadas pela situação sofrida pelo povo Yanomami, parecem ser uma possibilidade para que algumas medidas sejam tomadas, em vista a interromper um genocídio que perdura há décadas, mas que se agravou nos últimos anos.
Celebrando os 30 anos de homologação da TI Yanomami, centenas de representantes de mais de 25 comunidades Yanomami e de diversas associações indígenas, se reuniram na comunidade de Xihopi, entre os dias 22 e 26 de maio de 2022, participando do Fórum de Lideranças Yanomami e Ye´kwana. O evento celebrou uma conquista e uma luta, mas colocou a atenção na tragédia e no luto que envolvem o território indígena. Numerosos foram os testemunhos de coragem e os apelos para evitar uma catástrofe demasiadas vezes anunciada. As palavras pronunciadas por Davi Kopenawa soaram como grave alerta.
Referindo-nos apenas a uma localidade específica, podemos concluir que, até que se apurem a sequência de crimes ocorridos contra a comunidade Sanöma de Aracaça (região de Waikás, rio Uraricoera, Terra Indígena Yanomami, em Roraima), o crime de estupro e assassinato que está sendo investigado pelas autoridades competentes trouxe à tona um contexto de violência e destruição culposamente tolerado há tempo.
https://cimi.org.br/2022/06/terra-indigena-yanomami-30-anos-de-conquista-e-luta-para-o-futuro-do-mundo/
Pensando o texto:
1-Qual foi solicitção feita pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) à Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH)?
2-O que está acontecendo nas terras indígenas?
3-Quem são os reponsáveis?
Texto 5-Tem gente com fome de Solano Trindade
Solano Trindade foi um intelectual brasileiro, ator, dramaturgo, poeta, um pensador sobre a violência contra o povo negro e sua luta por sobrevivência na diáspora.Nascido mo Recife em 1908, conheceu as mazelas do povo de perto. O poema abalxo, de 1944, ainda, infelizmente é tão atual quanto o poema contemporâneo que iniciamos a atividade. A sonoridade do trem é explorada, dando rítmo ao texto.
Tem gente com fome
Solano Trindade Trem sujo da Leopoldina correndo correndo parece dizer tem gente com fome tem gente com fome tem gente com fome Piiiiii Estação de Caxias de novo a dizer de novo a correr tem gente com fome tem gente com fome tem gente com fome Vigário Geral Lucas Cordovil Brás de Pina Penha Circular Estação da Penha Olaria Ramos Bom Sucesso Carlos Chagas Triagem, Mauá trem sujo da Leopoldina correndo correndo parece dizer tem gente com fome tem gente com fome tem gente com fome Tantas caras tristes querendo chegar em algum destino em algum lugar Trem sujo da Leopoldina correndo correndo parece dizer tem gente com fome tem gente com fome tem gente com fome Só nas estações quando vai parando lentamente começa a dizer se tem gente com fome dá de comer se tem gente com fome dá de comer se tem gente com fome dá de comer Mas o freio de ar todo autoritário manda o trem calar Pisiuuuuuuuuu "Tem gente com fome e outros poemas, Antologia Poética. Rio de Janeiro. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 1988."
Do livro Poemas de uma Vida Simples (1944)
Pensando o texto
O trem sujo da Leopoldina parece dizer que tem gente com fome.Você conhece os bairros e cidades por onde ele passa? Já imaginou como eram estes lugares em 1944?
O jogo de palavras imita o ritmo do trem. Quem manda o eu poético se calar? Qual o seu som?
Possibilidades de trabalhos- Inferências
Produção
Construir uma paródia- tipo de texto que repete a estrutura de um texto original, mudando seu sentido- do trem da Leopoldina, passando por lugares onde hoje há descaso com a natureza e com os seres humanos.
Construir um parágrado mostrando sua opinião após os textos lidos.
Ilustrar o poema de Vera Duarte.
Dialogar com outras expressões artísticas, construindo um mural sobre o tema.
Ampliar um mapa mundi destacando as áreas de deserto, ou semi-áridas.
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