A proposta de leitura da CSLBE- Itaboraí
Em todas as formações em 2022, a proposta de leitura defendida pela CSLBE tem sido de uma leitura mediada, ou seja, que o professor, como leitor mais experiente, participe efetivamente do processo da leitura, usando estratégias que não só a estimulem como a torne significativa. Algumas das estratégias:
Antecipação da Leitura, na qual o professor trará a temática e gênero textual, falará sobre o autor e o contexto de produção, criará hipóteses sobre o texto. Os elementos paratextuais do livro.
Leitura em si - na qual o professor pode retomar as hipóteses, confirmando-as ou não.
Atividades após a leitura
· A compreensão do texto (com perguntas claras e objetivas para as quais as respostas estejam explícitas no texto).
· Interpretação e inferências- Atividades de ampliação e interpretação dos textos: relação com outros textos e linguagens, produção de textos a partir da interpretação do texto lido.
Propostas com textos sobre futebol
Sempre com o objetivo de estimular a leitura literária na escola e contribuir com o professor no seu fazer pedagógico, a CSLBE tem, em suas redes e sites, propostas com textos diversos. Aqui, em função do futebol ser o esporte que mais mobiliza os brasileiros, ainda mais em ano de Copa do Mundo, separamos alguns que falam dessa temática e sugerimos algumas atividades. Estamos, assim, batendo o escanteio na expectativa de que se receba essa bola e seja marcado o gol!
Antecipando a temática
O que você conhece sobre futebol? Qual modalidade do futebol você mais gosta? Campo, quadra ou praia? Você conhece as regras de cada modalidade?
O Futebol: um esporte elite que acabou nas várzeas!
História do Futebol[1]
De acordo com algumas pesquisas, o futebol tem suas primeiras manifestações na China, por volta de 2500 a.C. De acordo com essa corrente, os soldados se divertiam com o crânio de seus inimigos decapitados em um animado jogo. Em contrapartida, outros estudiosos atribuem a invenção do futebol à civilização maia. Divididos em duas coletividades, os times deveriam acertar um aro fixo. A disputa era tão intensa que o líder do time derrotado era punido com a morte. Essas primeiras manifestações do jogo de futebol são consideradas tentativas de dar origens mais remotas do que àquela estabelecida pelo senso comum: a Inglaterra do século XIX. No século anterior, um dos primeiros “ensaios” desse jogo aconteceu com o “mass football”, disputa onde dois grandes grupos da cidade de Chester tentavam fazer uma bola ultrapassar um dos portões da cidade.
O século XIX assistiu o auge dos ideais racionalistas e progressistas. Com isso, diversas instâncias da vida cotidiana dos britânicos viriam a ganhar normas. Atingido por essa onda de normalizações, o futebol ganhou as suas treze regras originais que ainda influenciam grande parte das regras contemporâneas. Dotado de um conjunto de regras racionais, o futebol logo foi considerado um esporte prestigiado entre as elites financeiras e intelectuais da época.
De acordo com os registros da época, a competitividade e o raciocínio rápido exigidos em sua prática seriam grandes aliados na formação de mentes de grande astúcia e determinação. Em pouco tempo, as agitadas massas operárias britânicas viriam a incorporar a prática do futebol. Sendo uma ótima atividade recreativa, que segundo alguns críticos arrefeceriam o espírito revolucionário da classe, o esporte começou a ganhar times de origem operária.
Financiados pelos donos de fábrica, os times do Arsenal (1886) e do Manchester United (1878) foram as primeiras agremiações nascidas em solo inglês. Em um curto período de tempo, os primeiros times começaram a organizar campeonatos assistidos por um público cada vez mais apaixonado. Com a grande aceitação popular, os times começaram a investir em infra-estrutura e na contratação de jogadores mais habilidosos. A noção empresarial começaria a dominar diversas instâncias desse lucrativo esporte. No Brasil, Charles Miller, filho de britânicos nascido em São Paulo, trouxe da terra de seus pais o primeiro par de bolas e o livro de regras do jogo. Por toda a América Latina, a popularização do jogo britânico se percebeu com a criação de diversos times com nomes em inglês. Em pouco tempo, a propagação dessa prática desportiva pelo mundo deu condições para a criação da primeira Copa do Mundo de Futebol.
Inicialmente o governo britânico, por conta de sua patente histórica, pretendia controlar a organização do evento. No ano de 1870, sob a tutela da Coroa Inglesa, as primeiras copas do “mundo” aconteciam somente com a participação de times ingleses. No entanto, em 1904, os franceses defenderam a universalização do esporte com a criação da FIFA (Federação Internacional de Futebol). Na mesma época, o futebol foi reconhecido como esporte olímpico. A criação das seleções nacionais incrementou a competitividade e as técnicas do jogo. A natural hegemonia da seleção britânica foi disputada pela seleção uruguaia. Em pouco tempo diversos craques começaram a despontar na aurora do cenário internacional do futebol. A partir dos anos 50, os brasileiros revelaram seus primeiros grandes craques, entre os quais destacamos Pelé e Garrincha. O Brasil, hoje sendo considerado país do futebol, integra parte significativa do chamado “mundo da bola”.
Uma hipótese para a popularização do futebol no Brasil[2]
Praticado como modismo pelas elites paulistanas ou como instrumento pedagógico em algumas escolas, a partir dos anos de 1880 e 1890, popularizou-se nas décadas seguintes, quando se transformou numa expressão cultural de grande vulto em nossa sociedade. Essa popularização não ocorreu fortuitamente ou por consentimento dos grupos dirigentes da cidade, mas como um processo de lutas simbólicas envolvendo os grupos sociais, étnicos e nacionais que viviam na cidade naquele período. O próprio documento mencionado mostra que as preferências locais neste período se davam para o ciclismo em detrimento do futebol. Em carta publicada na Revista da Banister Court School Vol.III, nº31, de março de 1904, Charles Miller chamava a atenção para a popularidade que o futebol tinha entre os brasileiros e o descrédito do críquete entre os mesmos. Já naquela ocasião, os jogos entre ingleses e brasileiros atraíam até seis mil espectadores. Na decisão do segundo campeonato organizado pela Liga Paulista de Futebol, em 1903, segundo o próprio Charles Miller, cerca de 6 mil pessoas (uma enormidade para a época) assistiram ao jogo e fizeram grande algazarra quando o time paulistano fez um gol, indício de que a modalidade despertava interesse e seus fundamentos já eram dominados por setores variados da sociedade.
Se hoje podemos falar em mimetismo no caso do futebol em nossa sociedade, esse ocorreu porque a população brasileira dominava determinadas técnicas do corpo que lhe permitiram se servir do futebol como instrumento de lazer, de atividade social ou identitária.
Assim, num período de tempo que vai de 1895 a 1920, os espaços públicos como terrenos, largos, ruas e várzeas dos rios foram se transformando em espaços para que a população pobre da cidade pudesse jogar futebol, ainda que de maneira improvisada, da mesma forma que a elite se utilizava das Chácaras, do Velódromo Municipal ou do Parque Antarctica.
1ª Sugestão: Maria a incorrigível!
Antecipando a leitura
Temática
Menina joga futebol? Como as pessoas reagem a uma menina que joga futebol hoje em dia? E, no passado, será que era diferente? Vamos conhecer a história de Maria, uma menina de outra época, que adorava futebol. Será que ela conseguiu vencer as barreiras? Nesse texto de Júlio Emílio Braz, Maria joga e muito bem!!!
Um pouco sobre autor e sobre o ilustrador
Júlio Emílio Braz tornou-se escritor profissional escrevendo histórias de Faroeste e roteiros para histórias em quadrinhos para revistas de terror. Com mais de 150 livros publicados, já recebeu prêmios nacionais e internacionais. Possui obras lançadas em diversos países: Portugal, França, Holanda, Cuba e Estados Unidos. Possui um selo a editora Ogro.
Soud começou a carreira desenhando histórias em quadrinhos infantis. Recebeu os prêmios Abril de jornalismo nas categorias: Destaque e Melhor desenho, e o Altamente recomendável pela FNLIJ
Elementos paratextuais do livro
Criando hipóteses a partir da ilustração.
Observe a ilustração do livro:
- Qual parece ser a posição em que Maria joga?
- Como é o lugar onde os jogos aconteciam na história?
- Você saberia identificar quem é o autor (Júlio) e quem é o ilustrador (Soud)?
- O que significa a palavra incorrigível?
"Maria a incorrigível" - O fragmento começa assim:
No pequeno espaço aberto
entre o azul do céu
e o verde do gramado,
uma doce lembrança,
a bola veio caindo,
caindo,
caindo,
assumindo toda grandiosidade mágica
de um presente encantador,
representado por Cristina,
e do passado
na memória,
uma deliciosa história
para contar
aos netos
em noite quieta
e feliz:
Cristina,
a invencível,
menina inquieta,
alcançou a bola
do seu jeito.
Na ponta da chuteira
e veloz,
virou-se para o que desse
e viésse
ou aparecesse pela frente. Com a bola grudada no pé, arremeteu para cima da primeira zagueira e matreira colocou a bola entre as pernas dela, saindo adiante no mesmo instante que a outra colocou-se em seu caminho. Não parou nem temeu, e tudo se deu numa fração de segundos, expectativa de gol... E minha cabeça Se enchendo de recordações, lembranças do meu tempo de criança. Outro mundo, a mesma realidade igual felicidade num tempo diferente. E a gente pensa que tudo é possível Basta querer para acontecer De um momento para o outro, Cristina desapareceu, ou melhor, Cristina era eu, e eu estava em outro tempo, não a velha entusiasmada na arquibancada, de quem, aliás, muitos riem, mas a criança assustada, onze anos como ela, cujo nome era Maria. (...) (Trecho retirados das páginas 4,5, 6 e 7, Editora Paulinas)
O que acontece com Maria? Será que ela conseguiu jogar algum campeonato? Será que sua família a apoiava e a estimulava para que ela se tornasse jogadora? Leia o texto completopara saber mais sobre essa menina incorrigível.
1- Compreendendo a história
No trecho acima do livro "Maria, a incorrígível", somos apresentados, no início, a outra menina.
Quem é ela?
Qual característica acompanha o seu nome?
Busque o significado das palavras: arremeteu e matreira.
No fragmento lido, o gol aconteceu? Foi narrado?
Quem narra a história?
Onde ela está no momento em que Cristina está jogando? Ela também é criança?
2. Interpretando e fazendo inferências
Ao ver Cristina jogando, quais sentimentos despertaram na narradora?
No fragmento lido, o que podemos dizer sobre o interesse da narradora pelo futebol?
Hoje em dia, ainda há preconceito contra uma menina que gosta de jogar futebol?
O futebol feminino tem a mesma visibilidade do futebol masculino?
Para você, existem profissões só para homens e outras só para mulheres?
Outra história sobre futebol do mesmo autor: Júlio Emílio Braz
2ª Sugestão: O Muro
Introduzindo a temática
O que é viver? O que é aventura para uma pessoa também é para outras? Todo mundo vive da mesma forma? Tem as mesmas oportunidades? Você, às vezes, se sente impossibilitado de sair de casa? E se você não tivesse mobilidade?
Agora que já sabemos um pouco Júlio Emílio Braz, vamos conhecer o ilustrador Ricardo Giroto
Ricardo Girotto (Araraquara -) é um ilustrador brasileiro, que
nasceu em Araraquara (SP). Quando criança, sonhava em ser ilustrador. Mais tarde, já grande e cursando Publicidade e Propaganda na faculdade, foi convidado para ser ilustrador em um jornal de Campinas (SP). A partir daí, perdeu a conta de quantos desenhos já publicou em jornais, revistas e livros, entre eles a coleção Castelo Rá-Tim-Bum (Cia.das Letrinhas), premiada com o HQMix 97 de ilustração infantil. É criador e coordenador do site Fábrica de Brinquedos, que em 2009 virou livro pela editora Ática e em 2016, pela Girassol Brasil.
Elementos paratextuais do livro
Criando hipóteses a partir da ilustração
Pela capa, o que podemos dizer sobre o personagem principal?
O que ele está fazendo?
O que sua expressão demonstra: ele está dormindo ou está acordado?
Qual a função de um muro em uma propriedade?
Por que será que o livro tem o título Muro, se aparecem somente um menino e uma bola na capa sem um muro?
Fragmentos do livro "O muro" de Júlio Emílio Braz
"Havia o muro e durante muito tempo só houve o muro entre mim e o mundo, impedindo-me de vê-lo,de conhecê-lo, enchendo minha cabeça de ideias e possibilidades. E com apenas uma única e sedutora pergunta: -Como é que é o mundo?
Eu perguntava e a curiosidade crescia como a vida crescia dentro de mim. Cada dia, cada instante, seguido de nada, e eu pensando que cada pequeno pedaço daquele mundo era meu, cada vez mais meu.
(...)
Eu me surpreendia procurando grandes aventuras e belas descobertas no acolhedor e, principalmente, conhecido verde do jardim de minha casa, (...) De lá me sentia, aos sete anos, o maior dos conquistadores entre tantos que sonhavam dominar toda a vastidão de seus sonhos mais grandiosos, meu mundo.
Depois olhava para mim mesmo e deixava abater pela realidade mais cruel que podia me destroçar também aos sete anos. Minha cadeira de rodas Meu limite! (...)
Havia uma realidade que poderia ser interessante me esperando do outro lado do muro. Qual? Eu não sabia. A única coisa que sabia com certeza era que cabia a mim ir atrás dela. E fui. O que tinha a perder? (...)Atravessei o portão que levava ao outro lado do muro, rumei para o terreno baldio e me permiti participar do jogo. Aliás, me ofereci para tanto. Tudo bem que no início fiquei de lado, observando de longe, mas aquela bola girando no ar era irresistível. Eu simplesmente precisava tocá-la. De qualquer jeito iria tocá-la ... e toquei! Em pouco mais de alguns minutos me transformei no mais ágil gandula do terreno baldio. (...)
Leia essa interessante história completa no livro "O muro" de Júlio Emílio Braz, editora Paulinas. Você saberá mais sobre este menino valente e aventureiro.
Compreendendo o texto
O que impedia o menino de conhecer o mundo? Qual era a relação dele com o seu quintal?
O narrador, no momento em que escreve, é um adulto lembrando da sua infância ou é uma criança?
Além do muro, o que mais limitava o menino? Para onde o menino foi ao atravessar o portão?
Qual foi o seu primeiro desejo ao chegar nesse local? De que forma, ele participou do jogo?
2-Interpretação e inferência
Entendendo o "muro" como símbolo de dificuldade, barreira para se conseguir algo, o quê, para você, é um "Muro"?
Você já parou para pensar sobre mobilidade? Algum lugar que você frequenta tem acessibilidade para cadeirante, por exemplo?
No texto, o narrador diz "A única coisa que sabia com certeza era que cabia a mim ir atrás dela." Você já pensou que sua vida "só cabe a você"? Que todo seu futuro depende de suas escolhas hoje?
3- Produção
Você já pensou que sua vida "só cabe a você"? Que todo seu futuro depende das suas escolhas hoje? Escreva um plano para sua vida em uma linha cronológica.
Qual seu maior sonho? Sonhar acordado é a mesma coisa que planejar o futuro? Você já teve um algum sonho que não se concretizou? Como você se sentiu? Você acha que tem idade para sonhar?
Terceira Sugestão: Sonhos, outra história sobre futebol do mesmo autor: Júlio Emílio Braz
Introduzindo a temática
Qual seu maior sonho?
Sonhar acordado é a mesma coisa que planejar o futuro?
Você já teve um algum sonho que não se concretizou?
Como você se sentiu?
Você acha que tem idade para sonhar?
Um pouco do autor
Júlio Emílio Braz tornou-se escritor profissional escrevendo histórias de Faroeste e roteiros para histórias em quadrinhos para revistas de terror. Com mais de 150 livros publicados, já recebeu prêmios nacionais e internacionais. Possui obras lançadas em diversos países: Portugal, França, Holanda,Cuba e Estados Unidos. Possui um selo a editora Ogro.
Um pouco sobre o gênero
O você sabe o que são crônicas?
Crônicas são textos curtos, que abordam o cotidiano geralmente de forma bem humorada. Normalmente retratam um acontecimento vivido pelo autor ou suas reflexões sobre o contexto em que está inserido. Principais características do formato: Linguagem simples e informal, com trocadilhos, gírias e até palavrões, caso seja do estilo do autor. Normalmente utilizam ordem cronológica para narrar os acontecimentos.
Elementos paratextuais do livro
Criando hipóteses a partir da ilustração
Esta crônica pertence ao livro: Crônicas urbanas, onde foram parar as boas pessoas.
Analisando a capa do livro a cor, a forma das letras, sobre o quê, você acha que se trata estas crônicas?
Sonhos
Viver decentemente. Viver como gente.Viver sem medo de gente.Ser engenheiro e ter muito dinheiro, até para esbanjar.Jogar futebol num time grande, chamar a atenção e ir jogar na Europa.Dinheirão.Ser preseidente do Brasil? Por que não?
Sempre sonhou.Sonhar aliviava a falta de tudo, o cotidiano na escola cheia de boa intenção e boa vontade,mas sempre sem recursos.Sonhar aliviava a existência nas vielas estreitas e malcheirosas da favela, permitindo-lhe escapar facilmente da sedução das drogas ou da possibilidade de virar avião. Vivia pensando em tirar a família da favela e fazia coro com o pai, que dizia para quem quisesse ouvir que aquele não era lugar de criar os filhos decentemente.
_O trabalhador não tem futuro no morro-repetia de tempos em tempos, desanimado, sob o olhar silencioso e cúmplice do caçula._Só tem lugar para o medo, muito e muito medo... Medo de traficante. Medo da polícia.Medo da chuva. Medo da doença. Medo da fome. Medo de tudo Aquilo não era vida. Não se vive uma vida boa com medo e incerteza. Ouvia o pai e o via fazendo planos para ele. Seu filho seria alguém na vida.Quando começou abservá-lo e percebeu que tinha um evidente talento para jogar bola, fez de tudo para colocá-lo numa escolhinha de futebol que existia no bairro. _Meu filho vai ser gente-repetia, entre um gole e outro na birosca ao lado de seu barraco.Tornou-se motivo de orgulho, esperança e redenção da família. Uma responsabilidade imensa! _Meu filho vai ser o novo Pelé Crença. Esperança
Não podia decepcionar o pai, queria realizar seus sonhos antigos de uma vida digna e despreocupada. Era o que mais o afligia enquanto permanecia deitado naquela cama de hospital. Como poderia explicar-lhes que seus sonhos jamais se realizariam? O pai entenderia que não tinha sido sua culpa? Como explicar para o pai que não tinha conseguido, que não tinha sido rápido o suficiente para driblar a bala de um tiroteio no morro? Será que seu pai compreenderia? Quando pensava em tais coisas, sentia uma grande vontade de chorar... Que sonhos poderia alimentar depois daquela bala que havia interrompido violentamente seu futuro e o colocaria para sempre numa cadeira de rodas?
(Infelizmente, esta história não é fictícia)
Compreendendo o texto
Qual o significado da palavra "sonhos" na crônica?
Qual era o sonho do pai para o futuro de seu filho?
O futebol é a esperança de uma vida mais digna. O que acontece na crônica sobre esta esperança? O que mais afligia o menino enquanto estava internado?
Hoje em dia, há outras formas de mudar o status social? Você conhece alguma pessoa que mudou a vida estudando?
Produção
Que sonho te move ? O sonho poderá ser representado por desenhos ou palavras e ser exposto em:
Árvore do sonho. - Mural dos desejos para o futuro. - Cápsula do tempo. Etc.
4ª Sugestão: Crônica "A bola" de Lúis Fernando Veríssimo
Antecipando a leitura da crônica "A bola" de Luís Fernando Verissimo
A temática
Você já deu um presente a alguém (ou recebeu) que a pessoa não gostou? Você conhece os brinquedos: biloquê, dama, estilingue? Será que alguém troca a bola pelo jogo eletrônico?
Um pouco sobre o autor
Luis Fernando Veríssimo é um autor brasileiro conhecido pela qualidade de suas crônicas humorísticas e contos. Com mais de 60 títulos publicados; também é músico, tradutor, jornalista e roteirista. Nasceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, dia 26 de setembro de 1936. Filho do consagrado escritor Érico Veríssimo e de Mafalda Halfen Volpe. A família mudou-se para os Estados Unidos em 1941, onde iniciou seus estudos em São Francisco e Los Angeles. Durante a adolescência estudou no Roosevelt High School, em Washington. Nessa época interessou-se por jazz e teve aulas de saxofone. Em 1956 retornou ao Brasil e trabalhou no departamento de arte da Editora Globo em Porto Alegre. Em 1960 integrou o conjunto musical “Renato e seu sexteto”. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como tradutor e redator publicitário.
O Gênero literário
Crônicas são textos curtos, que abordam o cotidiano geralmente de forma bem humorada. Normalmente retratam um acontecimento vivido pelo autor ou suas reflexões sobre o contexto em que está inserido.
Principais características do formato:
1-Linguagem simples e informal, com trocadilhos, gírias e até palavrões, caso seja do estilo do autor.
2-Normalmente utilizam ordem cronológica para narrar os acontecimentos.
3-Não são apenas histórias curtas e descritivas. São carregadas de reflexão e alguma conclusão com base em um acontecimento cotidiano.
4-Trazem eventos do dia a dia sob óticas diferentes.
5-São publicadas em blogs, jornais, revistas e portais jornalísticos.
A bola
O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que sentira ao ganhar a sua primeira bola do pai. Uma número 5 sem tento oficial de couro. Agora não era mais de couro, era de plástico. Mas era uma bola. O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse “Legal!”. Ou o que os garotos dizem hoje em dia quando gostam do presente ou não querem magoar o velho. Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.
— Como e que liga? — perguntou.
— Como, como é que liga? Não se liga. O garoto procurou dentro do papel de embrulho.
— Não tem manual de instrução? O pai começou a desanimar e a pensar que os tempos são outros. Que os tempos são decididamente outros. — Não precisa manual de instrução. — O que é que ela faz? — Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela. — O quê? — Controla, chuta… — Ah, então é uma bola. — Claro que é uma bola. — Uma bola, bola. Uma bola mesmo. — Você pensou que fosse o quê? — Nada, não.O garoto agradeceu, disse “Legal” de novo, e dali a pouco o pai o encontrou na frente da tevê, com a bola nova do lado, manejando os controles de um videogame. Algo chamado Monster Baú, em que times de monstrinhos disputavam a posse de uma bola em forma de bip eletrônico na tela ao mesmo tempo que tentavam se destruir mutuamente. O garoto era bom no jogo. Tinha coordenação e raciocínio rápido. Estava ganhando da máquina. O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conseguiu equilibrar a bola no peito do pé, como antigamente, e chamou o garoto. — Filho, olha. O garoto disse “Legal”, mas não desviou os olhos da tela. O pai segurou a bola com as mãos e a cheirou, tentando recapturar mentalmente o cheiro de couro. A bola cheirava a nada. Talvez um manual de instrução fosse uma boa ideia, pensou. Mas em inglês, para a garotada se interessar.
Luís Fernando Verísssimo Comédias para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
Compreendendo o texto
Por que o pai deu ao filho uma bola ?
O menino conhecia uma bola? Por que ele procurou botões na bola?
A palavra "legal" e ações demonstram sobre o interesse do menino sobre a bola?
Ao cheirar a bola, o homem conseguiu trazer de volta o cheiro do passado
Interpretando e Inferindo o sentindo do texto
O menino esperava mais do presente. Para você ele foi muito exigente ou a geração dele naturalmente gosta mais objetos eletrônicos?
Há alguma brincadeira que seus pais faziam e hoje foi esquecida?
Produção:
Agora que você já conhece algumas características da crônica. Escreva uma pequena crônica sobre sua relação brinquedos e brincadeiras.
[1]
https://www.historiadomundo.com.br/curiosidades/historia-do-futebol.
[2] https://universidadedofutebol.com.br/2007/12/17/uma-hipotese-para-a-popularizacao-do-futebol-no-brasil/
[3] "Maria a incorrigível!" de Júlio Emílio Braz. Ilustração Soud Editora Paulinas; 1ª edição (9 maio 2014)
Luís Fernando Verísssimo Comédias para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
Comments