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Coordenação da Sala de Leitura e Bibliotecas Escolares da Rede Municipal de Itaboraí

Atualizado: 4 de ago. de 2022

O trabalho da Sala de Leitura e a formação docente


Ana Paula Silva Botelho de Macedo

Professora Especialista (UGF)

Coordenadora da Sala de leitura e

Bibliotecas Escolares

SEME/Itaboraí

saladeleitura.ita@hotmail.com


Em 2009, a professora Josiane de Souza Soares propôs à Subsecretaria de Ensino o projeto Sala de Leitura, cujo objetivo era o letramento literário da comunidade escolar. Esse trabalho fora apresentado com um papelzinho na mão, brilho nos olhos, vontade intensa, foi de uma “contaminação amorosa” que encantou a subsecretária e o projeto começou a ser implementado na rede municipal de Itaboraí.

Entendemos que, se há um perfil de docente para atuar na sala de leitura, esse perfil é ser leitor, ou seja, antes de ser professor, o docente da sala de leitura deveria ser leitor e se formar leitor, para, então formar outros leitores: alunos, equipe diretiva, pais, apoio, os sujeitos do ambiente escolar.

A emergência do letramento literário, FRIGOTTO (2009) o entendimento dos saberes docentes e da formação profissional, TARDIF (2007), a percepção da função humanizadora da Literatura CANDIDO (2011), o letramento literário, para viver a literatura dentro e fora da escola, PAULINO, COSSON (2009) , embasaram a elaboração da proposta da Sala de Leitura e a construção da sua organização e do seu funcionamento.

A sala de leitura configura-se na rede como uma proposta pedagógica de trabalho com a disciplina Literatura, a qual sistematiza saberes e práticas docentes. A proposta, criada em 2008, valorizava a produção artística e, reformulada em 2009, passou a objetivar o letramento literário da comunidade escolar, oferecendo o livro de literatura como

objeto de estudo, priorizando as especificidades da Literatura, vista como um direito humano.

Em função da sua abordagem pedagógica, a proposta contempla todas as modalidades e os segmentos da educação básica. Por isso em 2012, a proposta deixa de ser projeto para conquistar o título de disciplina, constando no currículo escolar, por meio do Referencial Curricular de Literatura. Os docentes pautam-se neste documento para elaborar suas propostas pedagógicas, orientadas pelo Regimento Escolar, construído pela coordenação da sala de leitura em parceria com as orientações do Ensino.


"Se por um lado a Literatura foi perdendo o seu lugar na escola, tornando-se “diluída, amorfa” (LEAHY, 2004), servindo de pano de fundo para o estudo da língua, como pretextos para o ensino de outros conteúdos do currículo escolar e, até mesmo, como instrumento de controle de comportamento e inculcação de certos valores – principalmente no caso da Literatura dedicada ao público infantil -; por outro, é possível encontrarmos movimentos de resistência que vem buscando redefinir o lugar e o papel da Literatura na escola. "


Em Itaboraí, conseguimos dar à Literatura status de disciplina, assegurando o seu lugar no contexto escolar, aprofundando o conhecimento literário dos docentes, por meio de formações continuadas que são ministradas por especialistas no assunto, a própria assessoria pedagógica, e por professores doutores, oriundos da parceria entre a referida equipe e o PROALE/FEUFF.

As ações desenvolvidas pela Sala de Leitura podem ser compreendidas a partir de três vertentes, levando em consideração os seguintes questionamentos:


- O professor de Sala de Leitura é um leitor de Literatura?

- Quem garante a formação desse leitor?

- De que modo afiançar a inserção dos docentes no debate teórico sobre os processos de “escolarização da leitura literária”?

- Como garantir o acesso dos professores a materiais de qualidade, face à grande produção literária destinada a crianças e jovens?


1- Organização de estrutura e funcionamento do Projeto, cujo objetivo foi reorganizar os aspectos relativos ao seu desenvolvimento operacional, tais como: mapeamento dos profissionais que atuavam na Sala de leitura, buscando conhecer a sua formação e história docentes, suas expectativas com relação ao trabalho ou sua experiência com o mesmo; redistribuição de carga-horária dos professores, com vistas à melhor preparação das aulas; instituição de carga-horária mínima de 60 minutos por turma e horário fixo de atividade de Sala de Leitura nas unidades escolares; divisão das turmas com mais de 30 alunos; definição das atribuições do docente do Projeto; garantia de formação continuada dentro da carga-horária do profissional; maior número de profissionais com a matrícula designada para o desempenho da função de docente de Sala de Leitura; disponibilização de um acervo, na coordenação do Projeto, de aproximadamente 1100 livros para empréstimos às escolas.


2- Ações de formação docente, que têm como objetivo proporcionar um espaço de troca de experiências didático-pedagógicas com a leitura literária, bem como fomentar a prática a partir de um diálogo com o saber teórico. As atividades de formação docente englobam algumas propostas, como: recepção ao profissional que atuará no Projeto, encontros mensais de Sala de Leitura, produção de registros, participação do Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens, participação em eventos acadêmicos que promovam a leitura literária, Encontros Especiais de Sala de Leitura, Jornada de Sala de Leitura, curso, oficina, palestra, de formação tema: a Leitura e formação do leitor literário, em sua 3ª edição, em parceria com o PROALE-UFF, distribuição de material bibliográfico.


3- Ações voltadas para o público discente, cujo objetivo é favorecer o letramento literário dos alunos da Rede. Destacam-se as seguintes ações: participação das aulas do Projeto Sala de Leitura nas escolas da Rede, semanalmente, com duração mínima de 60 minutos; envolvimento em atividades internas elaboradas pelos docentes de Sala de Leitura: saraus, exposições, cafés-literários, feiras internas, entre outros; socialização do acervo escolar com a disponibilização de títulos de literatura para o empréstimo; participação no Espaço Leitura e Contação de Histórias da Feira do Livro; Atividades a partir dos projetos Olhando em volta e De mala e Cuia (Museu do Folclore); Bate-Papo com o Escritor, evento direcionado ao alunado, no qual um autor de literatura infantil e juvenil é convidado a conversar com esse grupo sobre sua obra e cada aluno recebe um livro autografado; Bagagem Cultural, cuja proposta envolve oficinas de arte, leitura e cerâmica em escolas da rede, com quem faremos parceria em 2019.


Entendemos que, para o professor de Sala de leitura, a literatura tem um duplo papel, pois, além de se configurar como elemento formativo desse sujeito, ela também é seu instrumento de trabalho, exigindo, assim, do profissional uma reflexão mais apurada desse objeto, bem como um conhecimento de formas mais adequadas de escolarizá-lo. Logo, a possibilidade de interlocução com o saber teórico é fundamental. Desde 2010, outra ação de formação do projeto busca favorecer este diálogo por meio de participações sistemáticas em eventos acadêmicos que abordem questões relativas à leitura, à literatura e/ou formação de leitor.

Logo, esse caminho nos levou a buscar um estreitamento com a universidade, a fim de alicerçarmos teoricamente nossas práticas. Nasce, então, a parceria com o Programa de Alfabetização e Leitura da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense (PROALE/FEUFF), estabelecendo a inserção das professoras da sala de leitura no espaço da universidade pública e, portanto, no centro do debate teórico e da produção do conhecimento científico. Observamos, por meio de relatos e escritas, a importância desse diálogo para a validação dos saberes produzidos no âmbito da escola, para releitura dos mesmos, bem como para o abandono de certos modos de saber-fazer, à medida que outras possibilidades mais efetivas são discutidas junto ao grupo.

Tais demandas foram norteadas pelos objetivos da proposta de trabalho didático-pedagógico com a literatura nas aulas de sala de leitura, a saber:

Ø garantir um espaço de formação docente, no qual as temáticas relativas ao ensino e aprendizagem da leitura sejam socializadas e debatidas; proporcionando o diálogo entre os saberes teórico e as suas instâncias de produção e os saberes da prática elaborados no cotidiano escolar.


-contribuir para elaboração de saberes relativos às práticas didático-pedagógicas em leitura, por meio do registro e socialização de práticas desenvolvidas nos espaços escolares pelos docentes.

Seguimos, ampliando o conhecimento com a relação à leitura literária, por meio de cursos, palestras e oficinas, durante esses oito anos; e percebemos a necessidade de registrar as ações propostas e realizadas pelo grupo de docentes da sala de leitura nas unidades escolares. Para tanto, solicitamos, dentro do termo de cooperação técnica com o PROALE/FEUFF, um Ciclo de Oficinas de Escrita Acadêmica: O Gênero Relato de Experiência, ministrado pela Profª Drª Jéssica Rodrigues.

Desse ciclo de oficinas renasce a proposta dessa jornada: compartilhar com seus pares os saberes aplicados nas aulas das salas de leitura a partir do trabalho didático-pedagógico com a Literatura. Bem explicado por Bernardina Leal em seu artigo - Escrever é inscrever-se (na forma de um prefácio).

"Contar o que se faz, no âmbito educativo, é a forma simples e autêntica de devolver ao outro aquilo que só é possível existir de modo compartilhado. O ato educativo, por si só, atitude e postura diante da vida, precisa ser narrado, repartido, transformado em estórias de se contar. Aprende quem conta, quem escuta, quem escreve, quem lê. Aprendem todos os que sabem o valor de restituir, ao outro, um saber que não resulta de pertencimentos ou apropriações, mas de envolvimento. A prática educativa passa a ser, assim, um desdobramento da prática da vida em sua cotidianidade, nos afetos que provoca, no entendimento das coisas que nos tocam."


O nosso grande desafio, portanto, é refletir e debater sobre a escolarização da literatura. É pensar como se valoriza o trabalho com a leitura literária, em um município que não possui livrarias, e que, talvez, tenha a escola como o único lugar de acesso a esse capital cultural: o livro de literatura.


Desenvolver uma proposta com a Literatura na educação básica significa “carregar água na peneira para a vida toda”, como disse nosso querido Manoel de Barros. E, quiçá, sejamos lembrados por nossos despropósitos e peraltagens com as palavras, em encher vazios, pois acreditamos que a formação do docente leitor de literatura é o caminho mais viável e, por isso, estamos a encher de água essa nossa peneira, não é Rosane? Com Dayala, com Jéssica, com o PROALE, com cada professora da Sala de Leitura, com cada leitor que crê no poder do trabalho com o literário, com quem deseja carregar conosco toda a água possível nessa peneira.


mulheres trabalhando com máscaras

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