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João Caetano

Heloisa
Alberto
Torres

Leo Cunha

Patativa 
do 
Assaré

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Lutas, sentimentos e conflitos pela terra

Lutas, sentimentos Conflitos: nos textos, na música e nas imagens.

A terra é nossa


Patativa do Assaré

A terra é um bem comum

Que pertence a cada um.

Com o seu poder além,

Deus fez a grande Natura

Mas não passou escritura

Da terra para ninguém.


Se a terra foi Deus quem fez,

Se é obra da criação,

Deve cada camponês

Ter uma faixa de chão.


Quando um agregado solta

O seu grito de revolta,

Tem razão de reclamar.

Não há maior padecer

Do que um camponês viver

Sem terra pra trabalhar.


O grande latifundiário,

Egoísta e usurário,

Da terra toda se apossa

Causando crises fatais

Porém nas leis naturais

Sabemos que a terra é nossa.”




Funeral de um lavrador

João Cabral de Melo Neto e Chico Buarque de Holanda


Esta cova em que estás, com palmos medida

É a conta menor que tiraste em vida

É a conta menor que tiraste em vida

É de bom tamanho, nem largo nem fundo

É a parte que te cabe deste latifúndio

É a parte que te cabe deste latifúndio

Não é cova grande, é cova medida

É a terra que querias ver dividida

É a terra que querias ver dividida

É uma cova grande pra teu pouco defunto

Mas estarás mais ancho que estavas no mundo

Estarás mais ancho que estavas no mundo

É uma cova grande pra teu defunto parco

Porém mais que no mundo te sentirás largo

Porém mais que no mundo te sentirás largo

É uma cova grande pra tua carne pouca

Mas à terra dada, não se abre a boca

É a conta menor que tiraste em vida

É a parte que te cabe deste latifúndio

É a terra que querias ver dividida

Estarás mais ancho que estavas no mundo

Mas à terra dada, não se abre a boca


CONGRESSO INTERNACIONAL DO MEDO

Carlos Drummond de Andrade

Provisoriamente não cantaremos o amor,

que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.

Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,


não cantaremos o ódio, porque este não existe,

existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,

o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,

o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,

cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,

cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.

Depois morreremos de medo

e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.



"Ler uma imagem comporta, antes de tudo, dar-se conta de seu contexto de existência" SANTAELLA,2012,p.183

SANTAELLA, Lúcia. Leitura de imagens.Melhoramentos,2012

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